SÉRIE: Meditações nos Evangelhos

Escrito por: Claudio Braga
​Nesta manhã de segunda feira quero continuar com as meditações no evangelho de João. Retomei a leitura onde havia parado, no verso 6, e fui até o verso 14, mas quero me deter apenas até o verso 9 pois algo me chamou muito a atenção, não apenas algo, mas alguém.

O primeiro capítulo do evangelho de João inicia sua narrativa com a apresentação de Jesus Cristo como sendo Deus, e prossegue nos contando a respeito de sua missão, seu batismo e seus primeiros seguidores. Porém o evangelista usa uma boa parte do texto com outro personagem, a saber, João Batista, e devemos aprender algumas coisas com o testemunho que o evangelista dá a respeito dele em apenas 4 versículos.

 “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” João 1.6-9.

Quando observo o cenário evangélico brasileiro com seus apóstolos, patriarcas, pai-póstolos e outros títulos grandiosos, fico a pensar na diferença monumental entre eles e João Batista. Há muitos desses que exercem domínio opressor sobre as ovelhas de Cristo, e quando confrontados a primeira coisa que reivindicam a seu favor é que são homes enviados e investidos de autoridade pelo próprio Deus. Como então saber se estes homens são realmente enviados por Deus?

A humildade de João testemunha contra a arrogância e orgulho daqueles que querem aparecer mais que Cristo. Ryle escreve a respeito desse verso: “Devemos notar o contraste entre a linguagem que o apóstolo usou, ao falar do Salvador e do seu antecessor. Sobre Jesus ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista ele diz simplesmente: ‘Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João’”. 
João nunca foi arrogante ou orgulhoso, mas quando perguntado sobre quem ele era disse: “a voz que clama no deserto”, “não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias”. Quanta diferença daqueles que hoje preferem os púlpitos de templos suntuosos do que o deserto em que João pregava vestido de peles, que tratam Cristo como um servo que tem de cumprir as ordens por eles determinadas.
A fidelidade do ofício de João testemunha contra aqueles que não apresentam a luz do evangelho.

João veio cumprir com fidelidade seu ofício de testemunhar a respeito da luz. Em todo o seu ministério foi fiel a mensagem que ilumina a todo o pecador. A mensagem de João era dura e contundente, ele não se intimidava e clamava as multidões que se arrependessem dos pecados, nem mesmo diante do rei Herodes ele suavizou a sua mensagem. A única coisa que pecadores em trevas necessitam é de luz, pois a luz do evangelho revela quem realmente somos, nos faz enxergar nosso pecado e, arrependidos clamar por perdão. Muitos dos que hoje se intitulam pregadores tem escondido a luz do evangelho, suas mensagens não são a luz poderosa das Escrituras que revelam ao pecador seu estado. Em seus púlpitos não se prega mais sobre pecado, juízo ou arrependimento. Na verdade, odeiam a luz, pois a luz revela e reprova tudo o que eles fazem.
A subordinação de João testemunha contra aqueles que querem tomar o lugar de Cristo.

“Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz…”. João foi cheio do Espírito Santo ainda no ventre, era parente de Jesus, foi enviado por Deus, tinha discípulos, multidões o seguiam, e era conhecido em toda a região. Porém sempre soube quem ele era e que Jesus era. Nunca permitiu que todas essas coisas lhe subissem a cabeça e fizessem tomar a posição do Messias. Quando lhe perguntavam se ele era o Cristo, prontamente dizia que não e fazia questão de apontar para o Cristo que viria. Certa vez ao ver Jesus, que vinha para ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim.”. Hoje há muitos que que roubam a primazia de Cristo em seus cultos antropocêntricos voltados para os seus egos inchados. Acreditam estar pastoreando seus próprios rebanhos, se esquecendo do que Cristo falou a Pedro “apascenta as minhas ovelhas”. São como trabalhadores de uma vinha que se apossam da propriedade do dono legítimo, espancando os seus enviados e matando o herdeiro. Suas igrejas não são iluminadas pelo Sol da Justiça, mas pela a pálida luz de suas ordenanças humanas e julgo pesado com que oprimem aqueles que deveriam estar ao seu cuidado. Tomam o lugar de Cristo não permitindo que sua luz ilumine a todo o homem, mantendo homens e mulheres na escuridão das cavernas de suas falsas doutrinas pregadas domingo após domingo.

Todo o testemunho bíblico a respeito de João Batista não nos foi deixado por acaso. Jesus testemunha a respeito de João Batista que não havia entre os homens alguém que fosse maior do que ele. Precisamos aprender com João, aprender sua humildade, coragem e fidelidade, aprender que o ministério que foi colocado em nossa responsabilidade deve acima de tudo apontar para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Jesus Cristo. 

Calvino comenta: “…ele queria distinguir Cristo de todas as demais pessoas, para que alguém não chegasse à conclusão de que a luz que ele possuía era a luz comum que possuem os anjos e os homens… Cristo, porém, é a luz, irradiando-a de si mesmo e através de si mesmo, e com isso lançando seus fulgurantes raios sobre o mundo inteiro.”

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Revista e Corrigida

RYLE, J.C.; Meditações no Evangelho de João. Editora Fiel, 2013. 7-8p.

Calvino, João; Comentário do Evangelho Segundo João, Volume I. Editora Fiel, 2015. 41p.

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