Meditações nos Evangelhos: João 2.13-22


A purificação do templo.

Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorou. Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto? Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito.

João 2:13-22.

Chegamos agora a um episódio que acontece por duas vezes no ministério terreno do Senhor Jesus Cristo – a purificação do templo – ela acontece não por acaso, pois não há acasos em Deus, no início e final de der sua missão terrena. Isso nos mostra pelo menos duas coisas:

  1. O tamanho do zelo de nosso Senhor pela casa do Pai, que era o local onde os judeus se reuniam para prestar culto a Deus através dos sacrifícios que ali eram oferecidos.

  2. O tamanho da teimosia daqueles homens em continuar cometendo o mesmo erro.

Bem, o texto nos informa que estava próxima a Páscoa dos judeus e que Jesus foi a Jerusalém. Mas porque Cristo decidiu ir ao templo? Creio que Calvino tem uma explicação bastante interessante e apurada sobre os motivos do Mestre, vejamos:

Seu objetivo era duplo: visto que o Filho de Deus era sujeito à lei, por nossa causa, ele desejava, ao observar precisamente todos os mandamentos da lei, revelar nele um tipo de plena submissão e obediência. Além disso, visto que ele podia realizar mais obras entre uma multidão de pessoas, quase sempre fazia uso desse tipo de oportunidade. Portanto, sempre que, posteriormente, se repete que Cristo veio a Jerusalém para os dias de festas, que o leitor observe bem que ele procedia assim primeiramente para que, juntamente com os demais, pudesse pôr em prática os exercícios da religião instituída por Deus; e, em segundo, para que pudesse proclamar sua doutrina a um maior número de pessoas. (João Calvino)

Portanto devemos aprender aqui pelo menos duas lições:

  1. Se Cristo sendo o próprio Deus, e como homem perfeito cumpriu com suas “obrigações” religiosas, por que homens imperfeitos e pecadores com nós achamos que não precisamos cumprir com as nossas “obrigações” através de um compromisso sério com a igreja a que pertencemos?

  2. Devemos aproveitar as melhores oportunidades para anunciar aos homens a vontade de Deus expressa na sua Palavra.

Mas o fato que mais chama a atenção de todos os leitores deste texto é a atitude de Jesus ao expulsar os vendedores do templo.

Talvez ninguém visse problema algum no fato daqueles homens venderem ali os animais para serem oferecidos nos diversos tipos de ofertas e sacrifícios realizados no templo. Com certeza isso facilitava a vida de quem ia ao templo sacrificar, uma vez que por ali mesmo já encontravam os animais que comprariam. Mas Cristo viu sim problema na situação que encontrou ali. Veja não apenas a atitude que ele teve ao pegar um chicote e derrubar tudo expulsando-os dali mas preste atenção no que ele disse: “Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda”. O motivo para toda a atitude veemente de nosso Senhor foi o comércio que aqueles homens faziam na casa de Deus, transformando assim um local de oração, sacrifício e culto a Deus em um lugar em que o que mais chamava a atenção era o comércio.

É com muita tristeza que vemos a mesma situação em muitas igrejas hoje. Lugares em que os homens deveriam se ocupar em cultuar a Deus, proclamar e ouvir a Sua Palavra, prestar sacrifícios de louvor agradáveis ao Senhor de suas vidas, acabaram por se transformar em um local de comércio da fé. Tudo gira em torno de ganhar dinheiro com a falsa desculpa de estar “fazendo a obra de Deus”. São pregadores e cantores que cobram uma fortuna para serem ouvidos, outros com a falsa promessa do “voto a Deus” acabam por enganar as pessoas dizendo que devem pagar, ou em sua linguagem “espiritualizada”, ofertar ao Senhor grandes quantias de dinheiro em troca do favor divino.

A verdade é que o “meio evangélico” virou um grande quinhão a ser explorado por pessoas que viram um mercado a ser atendido. Estratégias de marketing se multiplicam para vender de tudo para todos, estão dispostos a pagar por algo que produza nelas uma suposta espiritualidade, uma justificação pessoal diante de outros, e uma falsa fé baseada naquilo que se pode adquirir como prova do favor de Deus.

Como bem lembraram os discípulos, foi o zelo pela casa de Deus que consumindo Jesus o fez purificar o templo. Não devemos pensar que isso mudou, que Cristo não tem mais zelo pela casa de Deus, muito pelo contrário, Jesus continua zelando por uma igreja que comprou com seu próprio sangue, uma noiva que se apresentará sem mancha nem mácula para as bodas do Cordeiro. Os homens podem ter perdido o temor de Deus, e lançado fora o zelo por um culto agradável a Deus, que é expresso por Deus em sua Palavra. Mas Deus é um Deus zeloso e um fogo consumidor. Ainda hoje ele trabalha para que sua igreja seja purificada de todo elemento estranho que os homens introduziram nela, e cada um deles deverão prestar contas ao Dono desta grande vinha, aonde são apenas os lavradores. Devemos também notar que ao purificar o templo Jesus estava reivindicando sua autoridade como Filho de Deus, e, portanto, mostra aos que ali se encontravam que ele era o dono daquele lugar, e não os falsos mestres que se apropriaram não só do templo, mas de toda a religião judaica.

Aqueles judeus tinham orgulho de toda aquela estrutura religiosa que encontrava seu ápice no próprio templo. E ao perguntarem que tipo de sinal Jesus mostraria, na verdade estavam questionando que tipo de autoridade ele tinha, já que para eles não havia símbolo de autoridade maior que o templo, visto que era até comum fazerem juramentos invocando a autoridade do próprio templo, o que depois foi duramente criticado por Jesus. Portanto ao dizer que o sinal que ele daria seria a destruição do templo e a reconstrução em três dias, nosso Senhor reivindicava novamente sua autoridade e superioridade. Pois enquanto os judeus pensavam que ele estava falando do templo judaico, na verdade Ele dizia a respeito de um santuário maior e mais importante, um que não podia ser usurpado pela ganância de líder religioso qualquer. Ele falava de si mesmo, que sua morte colocaria fim aquele sacerdócio levítico, aquele templo de pedra construído por mãos humanas, aonde diariamente deveriam ser oferecidos sacrifícios imperfeitos, por mediadores imperfeitos. Ele dizia que após três dias iria ressuscitar, e com isso estabelecer um novo sacerdócio, um em que foi necessário um único sacrifício, o de si mesmo de uma vez por todas, para que nossas transgressões fossem perdoadas, nossos pecados apagados e nossa dívida paga através do Seu sangue. Um sacerdócio não de sacerdotes pecadores, mas um em que ele mesmo é o Sumo Sacerdote que se compadece de nós, pois passou por tudo que passamos, porém se pecar. Por isso ele tem toda a autoridade sobre a casa de Deus, por isso ele pode purifica-la.

Diante disso tudo faço uso das palavras do profeta Joel quando disse: “Cingi-vos de pano de saco e lamentai, sacerdotes; uivai ministros do altar; vinde, ministros do meu Deus; passai a noite vestidos de panos de saco; porque da casa de vosso Deus foi cortada a oferta de manjares e a libação. Promulgai um santo jejum, convocai uma assembleia solene, congregai os anciãos, todos os moradores desta terra, para a Casa do SENHOR, vosso Deus, e clamai ao SENHOR.” Joel 1.13-14.

Arrepende-te igreja brasileira, e dê ao Senhor a glória que lhe é devida.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes:

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Revisada Fiel.

Calvino, João; Comentário do Evangelho Segundo João, Volume I. Editora Fiel, 2015. 98p.

Meditações nos Evangelhos: João 2. 1-12

Dando sequência as nossas meditações, chegamos ao capítulo 2 do Evangelho de João e o famoso milagre nas “bodas de Caná da Galiléia”.

E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas. E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser. E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo, E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele. Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.  João 2:1-12

Neste episódio vemos o evangelista João narrando um momento peculiar no ministério do nosso Senhor, pois vemos Jesus participando como convidado em uma festa de casamento. Na ocasião, no decorrer da festa o vinho acaba e Cristo realiza ali seu primeiro milagre transformando água em vinho.

Eu poderia utilizar dessas linhas para falar sobre o poder de Cristo na transformação da água em vinho, ou discorrer sobre o simbolismo do vinho, ou ainda sobre se era ou não um vinho com teor alcoólico, ou quem sabe abordar a questão do diálogo do nosso Senhor com sua mãe, a importância de serem seis talhas, ou outras coisas do texto. Mas decidi extrair uma pequena reflexão sobre casamento. Lembrando os nobres leitores que é apenas uma impressão que tenho sobre como as pessoas do mundo, para não citar as que se consideram cristãs, tem tratado com banalidade o compromisso do casamento.

A presença de Jesus em um casamento – A presença do Mestre em uma festa de casamento nos ensina a alta consideração que Deus nutre por essa instituição idealizada por ele mesmo. Fico a pensar em como o casamento se tornou algo banal e desprovido do seu verdadeiro significado hoje em dia. Infelizmente muitos são os que se casam sem que haja entre si um verdadeiro compromisso de amor, fidelidade, entrega e companheirismo. Muitos se casam como se entrassem em um experimento, “se der certo continuamos”, mas “se der errado nos separamos”. Mas devemos aprender que não, o casamento não é um simples experimento que deve ser abandonado diante dos primeiros problemas ou conflitos, ou ainda, deixado de lado como algo sem valor. É interessante observar a presença de Jesus, o próprio Deus, na realização de um casamento. Sempre que leio essa passagem me vem à memória o texto de Malaquias 2.14-16, onde Deus diz que Ele mesmo foi testemunha da união (casamento) entre um homem e uma mulher. Devemos assim valorizar o casamento como um compromisso feito entre o casal e com Deus como testemunha, e o texto de Malaquias deixa bem claro como Deus desaprova a quebra deste compromisso.


Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes:

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Revisada Fiel

Meditações nos Evangelhos: João 1. 43-51


O chamado para seguir a Cristo.

No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me. E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê. Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel. Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. João 1:43-51

Estava lendo essa passagem para elaborar nossa meditação semanal, e me deparei com um texto simples, mas que se provou de extrema dificuldade. Digo dificuldade pois em alguns momentos nós lemos o texto, compreendemos sua mensagem, mas na hora de escrever algumas linhas para que outras pessoas leiam ficamos insatisfeitos com o resultado. Tudo o que escrevemos não chega nem perto da riqueza e profundidade do texto. Mas o que me intrigou hoje foi que o texto parece ser tão simples, e mesmo assim não consigo transmitir tudo o que eu queria. Portanto decidi lançar mão da meditação de J.C. Ryle no mesmo texto, o que me foi muito compensador e é o que tentarei passar aos nobres leitores no texto de hoje.

O nobilíssimo bispo inglês divide a meditação dele em quatro itens. (1) Almas Conduzidas de Várias Maneiras; (2) Cristo no Antigo Testamento; (3) O Conselho de Filipe a Natanael e (4) O Nobre Caráter de Natanael. Abaixo o que pude sorver do que Ryle ensinou.

1 – Almas Conduzidas a Cristo de Várias Maneiras – Muitas vezes nos esquecemos que Deus é soberano no seu chamado aos pecadores. Muitos são os que criam métodos de evangelismo, outros investem em maneiras diferentes de apelo, e outros nem apelo fazem, mas creem que a pregação do evangelho por si só basta. Mas a grande verdade é que Cristo usa do momento e método que ele quer para chamar pecadores para si. Observe que em nossa meditação anterior dois discípulos de João Batista começaram a seguir a Cristo depois do testemunho que o próprio João deu acerca de Cristo ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Após isso, André foi e testemunhou para seu irmão Pedro a respeito de ter encontrado o Messias, então leva Pedro até Cristo. Mas no dia seguinte (que é o nosso texto), vemos o próprio Jesus chamando Filipe, veja que não foi necessário que alguém como João Batista ou André testemunhassem a respeito de Jesus, mas o Messias mesmo o chamou com um simples, mas profundo: “Segue-me”. Filipe por sua vez foi procurar Natanael e, testemunhando de Cristo o levou a conhecer o Filho de Deus. Como é linda a soberania de Deus no chamado de pecadores. Nas palavras do próprio Ryle: 

Há diversidades de operações na salvação de almas. Todos os crentes verdadeiros são conduzidos por um só Espírito, lavados em um só sangue, servem a um só Senhor, descansam em um só Salvador, creem na Verdade e vivem por uma mesma regra. Mas nem todos são convertidos de uma única maneira. Nem todos passam pela mesma experiência. O Espírito Santo age como soberano na conversão; chama a cada um, individualmente, de acordo com a sua vontade”.
2 – Cristo no Antigo Testamento – O testemunho de Filipe para Natanael era o testemunho de um homem simples, mas que conhecia o Antigo Testamento. Filipe pode reconhecer que Jesus Cristo era aquele de quem a Lei, os Salmos e os Profetas falavam. Ele firmemente cria que havia encontrado o Messias prometido nos escritos de Moisés. Há pouco tempo eu conversava com um pastor muitíssimo meu amigo sobre as pregações que alguns fazem em passagens do Antigo Testamento. E chegamos à conclusão de que muito são os pregadores  ao usarem de um texto do AT não o utilizam para pregar a Cristo e seu evangelho. Se pregam sobre Davi e Golias, nos dizem que somos Davi e Golias são os problemas da vida, ao invés de dizer que somos os israelitas acuados e dominados, e que Davi é Cristo que venceu o inimigo sem que nós fizéssemos nada para contribuir com sua vitória. E esse é apenas um exemplo de como Cristo está impresso em cada página do AT. Nas palavras de Ryle: “A pessoa de Cristo é a essência do AT. A Ele apontam as promessas dos dias de Adão, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó. A Ele apontam cada sacrifício do culto cerimonial…Cada sacerdote, cada parte do Tabernáculo…Ele era o profeta semelhante a Moisés… o rei da Casa de Davi…o cordeiro, predito por Isaías, o ramo de justiça, mencionado por Jeremias…Quanto mais lemos o AT, tanto mais claro se torna o testemunho que ali encontramos acerca de Cristo”.

3 – O Conselho de Filipe a Natanael – Quando Filipe testemunha de Cristo para Natanael a resposta do mesmo é no mínimo de incredulidade: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” Muitos de nós acabamos por dar mais atenção a pergunta de Natanael do que para a resposta de Filipe: “Vem e vê”. E o que podemos aprender com a resposta de Filipe? Note que Filipe não reprova a descrença de Natanael e nem tampouco tenta convencê-lo através de argumentos bem elaborados, mas convidou-o a provar por si mesmo que era verdade o que ele lhe havia testemunhado. Me lembro de uma jovem que na semana passada me procurou para que eu pudesse auxilia-la, pois ela queria convencer seus amigos ateus sobre a existência de Deus. Depois de conversamos um pouco, por fim lhe disse que essa era uma verdade que só reconheceriam se fossem alcançados e provassem dela em suas vidas. É como convencer alguém sobre o doce sabor de uma fruta que ela nunca provou, você pode tentar descrever de muitas maneiras o sabor daquela fruta, mas a pessoa será incapaz de entender se não pegar e provar. Nas palavras de Ryle: “Com confiança digamos que não podem saber o real valor do que cremos, até que experimentem por si mesmas. E procuremos assegurá-las de que o cristianismo tem resposta a qualquer inquirição. A forma com que Filipe agiu é a maneira principal de promovermos o bem; disto podemos estar certos. Poucas pessoas são persuadidas por argumentações. Menos ainda são levadas ao arrependimento por sentirem medo. De modo geral, o crente que promove maior bem às almas é aquele que, com simplicidade, diz aos seus amigos: “Encontrei o Salvador; venham e vejam-No”.

4 – O Nobre Caráter de Natanael – Poucos personagens da Bíblia são elogiados ou honrados por Jesus Cristo. Dentre eles nos deparamos aqui com Natanael. Mas o que fez Jesus dizer: “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo”? Não temos muitas informações sobre a vida de Natanael, mas podemos imaginar, de acordo com essa declaração de Jesus, que ele era um homem que temia a Deus, um verdadeiro judeu. Diferente dos escribas, fariseus e saduceus, que tinham uma religião exterior, podemos, pela fé, ver que Natanael era um sincero seguidor da Palavra de Deus. Podemos ainda acreditar que Natanael era conhecedor da Lei e das promessas a respeito do Messias prometido, observe que Filipe o convida a vir e ver aquele de quem Moisés e os profetas haviam escrito, Jesus de Nazaré o filho de José. Essa informação a respeito dos escritos de Moisés e dos profetas nos indica que no mínimo Natanael tinha familiaridade com as profecias a respeito de Cristo, mas a declaração do próprio Jesus de que Natanael era um verdadeiro israelita em quem não havia dolo, nos deixa com a certeza de que esse homem era não apenas conhecedor da Lei, mas também um praticante sincero dela. Nas palavras de Ryle: “E nisto está o segredo do elogio que Jesus fez. Ele declarou que ali estava um verdadeiro filho de Abraão, um judeu interiormente, circuncidado no espírito, como também segundo a letra da lei; um israelita de coração e um filho de Jacó por nascimento… Oremos para que sejamos semelhantes a Natanael…”

Depois de meditarmos nesse texto bíblico e nos escritos de J.C. Ryle, devemos perguntar a nós mesmos se temos agido como Filipe, que prontamente seguiu o chamado de Cristo e foi testemunha do Salvador para Natanael. Mais ainda, temos de nos perguntar se temos sido sinceros seguidores de Cristo ao ponto de Ele achar em nós verdadeiros cristãos que não apenas conhecem e creem profundamente na sua Palavra, mas que acima de tudo procuram com zelo vive-la em uma vida íntegra.
Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Revisada Fiel

RYLE, J.C.; Meditações no Evangelho de João. Editora Fiel, 2013. 22-25p

Meditações nos Evangelhos: João 1.32-42


​Achamos o Messias…

Dentre tantas coisas que são comuns a todos os homens existe uma que me chama muito a atenção, a procura que todos têm por algo que lhes dê sentido à vida. Por isso o nosso texto dessa semana é tão importante.

E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus. No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos; E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras? Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima. Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). João 1:32-42

Depois de haver declarado que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, João Batista continua a dar seu testemunho a respeito de Cristo. Agora ele afirma que Jesus é o Filho de Deus, e que o próprio Deus que o havia enviado a batizar também confirmaria que Jesus era seu Filho ao fazer pousar sobre ele o Espírito Santo como uma pomba.

No outro dia João declara mais uma vez que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Cordeiro de Deus. Mas diferente do dia anterior, dessa vez a declaração de tão grande verdade tem um impacto sobre os discípulos de João. O texto diz que dois desses discípulos começaram a seguir Jesus. Então percebendo ser seguido, o Mestre faz uma pergunta simples, mas extremamente profunda: Que buscais?

Essa importante pergunta tem reverberado até os dias de hoje. Que buscais? E cada homem desse mundo tem uma resposta para tal questionamento. Alguns tem buscado os prazeres deste século, outros a fama, o poder, o controle, o reconhecimento, e tantas outras coisas. Mas a grande verdade é que todos procuram algo que dê sentido a suas vidas, algo que os satisfaça. E é através de todas essas coisas que tentam encontrar a satisfação. Mas aqueles dois discípulos não estavam à procura de tais coisas, mas sim da verdadeira satisfação, da plena satisfação naquele que tira os pecados do mundo.

As pessoas ao redor do mundo podem fazer uma grande lista de coisas que consideram como sendo a causa de suas insatisfações, mas o que não podem ver é que a verdadeira causa da insatisfação, do vazio, da falta de sentido que tomou conta de suas vidas é o problema do pecado. Sim, o pecado afetou o homem de tal maneira que lhe fez perder o sentido mais sublime da sua existência, o de viver uma vida para a glória de Deus. Observe o que diz a primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster: 

“Qual o fim supremo e principal do homem? Resposta: O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre. ” 

Por isso essa passagem do Evangelho de João é tão significativa. Aqueles dois homens seguiram a Jesus pois creram no testemunho de João Batista, eles acreditaram que Cristo era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A partir daquele momento eles começaram a seguir a Jesus pois encontram o verdadeiro sentido da vida. Eles encontram alguém que poderia satisfaze-los por completo, alguém que poderia preencher o vazio existencial provocado pelo pecado. Eles acharam o Messias. Tão satisfeito que ficou, André não pode conter esse achado apenas para si, então levou seu irmão Simão até Jesus para que também pudesse encontrar no Messias o verdadeiro sentido da existência. Isso mudou a vida de André, de Pedro, de João, de Mateus, e de todos aqueles que agora tendo um sentido verdadeiro na vida, saíram a testemunhar ao mundo que a verdadeira vida está em Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

E eu e você? Será que temos encontrado plena satisfação em Cristo?
Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Fiel.

Meditações nos Evangelhos: João 1.29-30


EIS O CORDEIRO DE DEUS, QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!

No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.  Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu. João 1.29-30

Tenho me alimentado com esse texto esses últimos três dias. E a declaração de João Batista reverbera até então em meu pensamento: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”.

Me lembro que desde pequeno quando frequentava as classes infantis da igreja, sempre que ouvia uma passagem como essa, o que me vinha a imaginação era um “cordeirinho”, um animalzinho manso e bonitinho que necessitava de cuidados. Talvez muito desse meu imaginário se deva ao fato de que nos fundos da minha igreja era criada uma ovelha, e todos nós crianças e adolescentes a amávamos. Ou talvez se deva a uma ideia superficial passada pelas nossas professoras de EBD sobre o significado de Jesus ser o Cordeiro, e muitas vezes essas ilustrações eram muito romanceadas.

Mas depois de adulto e poder estudar a Bíblia menos superficialmente, devo confessar que poucas expressões tem o peso, a profundidade, a tensão e a glória do que a declaração de que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Essa grande declaração a respeito de Cristo, se levada a sério, seria um poderoso antídoto para o engodo travestido de “evangelho” que é pregado em muitíssimas igrejas hoje em dia. Digo isso porque em muitos lugares o “Jesus” apresentado não passa de um agente de plano de saúde, um conselheiro matrimonial, ou ainda, um consultor financeiro. Você pode achar que é um pouco de exagero de minha parte, mas a verdade é que o “evangelho” anunciado em muitos lugares atende exatamente o gosto do “freguês”. Muitas pessoas estão interessadas somente em conseguir que Cristo venha suprir suas necessidades afetivas, físicas e materiais, por isso as “igrejas” que frequentam se especializaram em oferecer esse tipo de Jesus que o freguês procura.

Não podemos dizer que nestes lugares se prega a Cristo, pelo menos não o Jesus a quem João Batista se referia. Esses pregadores proclamam uma mensagem que visa atender as necessidades das pessoas apresentando um Jesus que irá curá-las, restaurar o casamento e família, libertar dos vícios, dar prosperidade financeira e outras coisas ligadas apenas as suas necessidades secundárias.

Quero salientar que creio na Bíblia, por isso também creio que Jesus Cristo tem poder e faz todas essas maravilhas que citei acima. Mas a principal missão de Cristo ao ser enviado a este mundo foi morrer pelos nossos pecados. Não há coisa alguma mais importante para qualquer homem do que ter o seu pecado perdoado, pois todas as outras bênçãos que procuram apesar de serem importantes são passageiras, e o que realmente importa é a benção da salvação eterna.

Você pode ter recebido qualquer um desses benefícios aqui na terra, mas se no dia de sua morte, ou no grande dia do Senhor, você se achar sem o pecado retirado de nada adiantará. O que restará é a condenação eterna.

Por esse motivo a declaração de João Batista é sublime. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado da minha e da sua vida. Devemos reconhecer a profundidade do pecado em nossas vidas, e crer que somente Cristo pode perdoar-nos. Basta que ouçamos a mensagem de João Batista quando diz: “Arrependei-vos”, e com inteira convicção de pecado nos humilhemos diante de Deus, confessemos nosso pecado e confiemos em Jesus Cristo como sendo o Cordeiro de Deus que foi morto em nosso lugar, para que assim possamos ter vida eterna nEle.

Portanto o significado de Jesus como Cordeiro de Deus vai além de uma singela comparação a um manso e doce animalzinho. Devemos nos lembrar do que era o cordeiro do sacrifício no Antigo Testamento, devemos trazer a memória a morte cruenta daquele animal, seu sangue derramado para aplacar a ira de Deus sobre seu povo, era a morte de um animal por causa do pecado de todo um povo.

Da mesma maneira, o Deus Santo e Justo matou seu Filho naquela cruz para que com seu sangue derramado, como de um cordeiro, tira-se nosso pecado e nos reconciliasse com Ele mesmo.
Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Fiel.

Meditações nos Evangelhos: João 1.19-28


Humildade é a palavra que resume minha meditação dessa semana. Olhe comigo esses dez versos do Evangelho de João e perceba o que nos salta diante dos olhos.

Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando. ” (João 1.19-28)

Que momento maravilhoso esse em que João Batista fala a respeito de três coisas. De si mesmo, dos homens que estavam ali, e por fim de Jesus Cristo.

João testifica a respeito de si mesmo – Naqueles dias talvez não houvesse ninguém mais famoso do que João Batista. Ao contrário dos líderes religiosos de seu tempo ele vivia à margem da grande cidade. Podemos encontra-lo no deserto pregando sua mensagem de arrependimento e anunciando a vinda do Messias. Mas se engana quem pensa que esse ambiente inóspito e duro fez com que ele permanecesse no ostracismo, muito pelo contrário, pois a Bíblia diz que multidões afluíam para o deserto ouvir João pregar e batizar no rio Jordão. Haviam pessoas comuns, soldados e religiosos que iam até João por vários motivos, alguns talvez procurassem verdadeiramente arrependimento, outros talvez fossem apenas curiosos em ver aquele homem vestido de peles de animal, outros talvez queriam apenas testá-lo com suas perguntas. Mas a grande verdade é que ele se tornou conhecido e pessoas o procuravam. Até mesmo o rei Herodes o conhecia, temia e o odiava. João Batista tinha todos os motivos para se orgulhar, envaidecer e se cobrir de toda honra de ser um “profeta”. Mas nos chama a atenção a visão que tinha de si mesmo, pois ele se via como nada mais que ninguém. Olhe as negativas que ele profere a respeito de quem ele não era: “Eu não sou o Cristo, não sou Elias, e não sou o profeta”. Ele tinha uma clara definição de si mesmo ao dizer que era apenas “a voz que clama no deserto”. Quanta diferença vemos aqui, entre João Batista e os “profetas de hoje”, entre aquele que estava preparando o caminho para o Senhor, e aqueles que querem tomar o lugar do Senhor. Muitos são os que amam as honrarias, o holofote dos púlpitos modernos, o se assentar entre os supostos príncipes do evangelicalismo brasileiro. Se envaidecem quando as multidões os seguem, pois lhes falta o espírito de João Batista, um espírito de humildade e submissão àquele que tem a primazia, Jesus Cristo.

João testifica a respeito dos homens – Como era triste a situação de cada um daqueles homens. A verdadeira luz veio ao mundo, mas eles não puderam ver. Jesus esteve no meio deles, mas eles não o conheceram. E isso acontece ainda hoje quando pregamos o evangelho, quer seja nas igrejas, praças e ruas, nos ônibus e trens, na televisão ou internet. Ainda que seja de maneira mais pessoal possível, como em uma visita doméstica, os homens e mulheres de hoje continuam a não reconhecer a beleza do Cristo das Escrituras. E esse problema cognitivo não é por outra causa senão pelo pecado que cega o entendimento de cada ser humano. O que seria de nós se não fosse o poder maravilhosos da graça de Deus? Que nos tirou as escamas dos olhos e as trevas do entendimento para que pudéssemos contemplar o Messias? O que seria de mim e de você?

João testifica a respeito de Jesus Cristo – As pessoas reconheciam a importância de João Batista, muitos o respeitavam como profeta vindo de Deus. Mas note que ao ser perguntado sobre o motivo dele aplicar aquele batismo sendo que ele dissera que não era o Cristo, ele exalta ao Senhor dizendo que ele mesmo não era digno de desatar as sandálias do Mestre. Olhe que coisa gloriosa, mesmo que ele mesmo fosse alguém importante para aquelas pessoas, não recebeu tal glória o reconhecimento, mas ao contrário, com humildade apontou para aquele que exerceria um ministério melhor e eterno, superior ao do próprio João Batista.

Que Deus nos ajude a aprender nessa pequena meditação a importância da humildade. Que nós venhamos a executar nosso ministério sabendo que ele apenas aponta para um ministério muito maior, o de Cristo Jesus, que veio salvar pecadores. Que possamos continuar pregando a cegos, surdos e mortos. Pois sabemos que não é nossa palavra, nosso testemunho, nosso poder de persuasão que converterão as pessoas. Mas sim, o poder vivificante do Espírito Santo confirmando cada verdade da Escritura no coração dos ouvintes.
Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Fiel.

Credo Niceno- Uma importante declaração da ortodoxia cristã

Nesse domingo o Nosso Jornal resolve compartilhar com seus leitores uma das mais importantes de declarações da fé cristã ortodoxa.


O Credo Niceno, que resultou dá declaração feita no Concílio de Nicéia (325 d.C), foi formulado para resolver a questão levantada por Ário, mestre em Alexandria, no Egito, que, por suas declarações havia sido excomungado. Uma geração depois de Origenes, Ario ia além do que este primeiro afirmava. Para Origenes o Filho era coeterno com o Pai e subordinado a Ele. Ário dizia que não se podia ter ambos, subordinação e coeternidade e afirmou que o Filho havia sido criado pelo Pai e estava ao lado da criação, não do Criador.


A resposta do Concílio resultou nesse Credo:

Creio em um Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. Creio na Igreja una, universal e apostólica, reconheço um só batismo para remissão dos pecados; e aguardo a ressurreição dos mortos e da vida do mundo vindouro.”



Escrito por: Stephanye Oliveira

Referência Bibliográfica: Conhecendo o Deus Trino- Porque Pai, Filho e Espírito Santo são as boas novas, Tim Chester, Editora Fiel. 

SÉRIE- Conheça: O Profeta Jeremias

Gostaria que você conhecesse hoje um pouco mais do profeta Jeremias. Vamos lá?

jeremias 2

 

“JEREMIAS”: Significa- Jeová estabeleceu ou enviou.

  • Foi profeta de Judá (Reino do Sul);
  • Começou seu ministério no reinado de Josias;
  • Profetizou por mais de 40 anos;
  • Foi para o Egito (após a queda de Jerusalém) e continuou a profetizar.

 

Como dividir as profecias de seu livro, “Jeremias”:

  1. Antes da queda de Jerusalém (1-38)
  2. Depois da queda de Jerusalém (39-52)

(Os fatos constantes no livro de Jeremias não estão na ordem que ocorreram).

Jeremias, como já dissemos, foi escolhido por Deus para profetizar ao seu povo. Mas, o que significava ser um profeta?

PROFETAS:

As profecias, nas Escrituras Sagradas, são tão importantes e tem uma relevância tão grande que ocupam cerca de um teço de toda a Bíblia. Os profetas eram aqueles que anunciavam a Palavra de Deus ao seu povo. No Antigo Testamento vemos vários deles. Mas, de que era composta a mensagem desses homens? Podemos enumerar 3 fatores:

  1. Era uma mensagem para época em que o profeta vivia;
  2. Uma mensagem que predizia acontecimentos futuros;
  3. Era também uma mensagem que pode ser aplicada para nós hoje (princípios eternos do que é correto e do que é errado).

Jeremias é chamado de “o profeta chorão” porque sentia profunda tristeza pelos judeus, JEREMIASembora merecessem ser castigados. Jeremias viveu bastante para presenciar a realização e concretização de muitas de suas profecias.

Ele profetizou durante o reinado dos últimos monarcas de Judá:

  1. Josias (640-609 a.C)
  2. Jeocaz (609 a.C)
  3. Jeoaquim (609-598 a.C)
  4. Joaquim ( 598- 597 a.C)
  5. Zedequias (587-586 a.C)

Jeremias teve uma vida solitária, devido à sua mensagem IMPOPULAR.

O chamado de Jeremias é uma das mais belas passagens das Escrituras, ao meu ver, e gostaria de compartilhar com vocês:

Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci e, antes que saísses da madre, te consagrei e constituí profeta às nações.

Jeremias 1.5

Escrito por: Stephanye Oliveira

Fontes: Bíblia de Estudos de Genebra; Como estudar a Bíblia (edição para adolescentes)

 

 

Entre a Filosofia e a Teologia: “Conhece-te a ti mesmo”

   
​Conhece a ti mesmo


“E temos instrução para não procurar a divindade afastada de nós, pois a temos muito perto; na verdade, de dentro – mais dentro de nós do que nós mesmos estamos dentro de nós.”

    Giordano Bruno (1548-1600), Cene delle ceneri.
Quem é você? Essa é a pergunta que, em todos os tempos, se coloca de modo decisiva na existência humana; é a pergunta que atravessa a rede de opiniões, ideias sociais e ideologias, pois põe em xeque nada menos que a própria substância humana. Isso, porque, “quem é você”, tem a ver com a essência do ser. Não por acaso Shakespeare ser um cara tão indeciso — “ser ou não ser, eis a questão”.

Essa é a pergunta que desmascara o intelectual desprezível, pois o faz lidar com o embaraço de sua própria consciência. Essa pergunta está impertubavelmente relacionada com a frase “conhece a ti mesmo”, cravada no templo de Apolo em Delfos, examinada por Sócrates como a busca por verdades pré-existentes, fixadas na consciência humana.

Conhecer a si mesmo é a porta de entrada para entender a mistura humana entre o eterno e o temporal, entre o princípio da existência e além dela. Não há método para essa aventura. A busca por um método pressupõe um resultado e um ponto de chegada; presume também uma autoridade, um professor, um guru, um sistema, e nada disso nos garante alguma coisa. A busca por métodos cega a consciência do sujeito de querer entender a si mesmo, pois se canaliza no desejo de segurança, de certeza, gerando uma cisão entre a pessoa e sua experiência real.

Por um lado, este é um processo que nos faz reconhecer em nós mesmos toda a humanidade, e por outro, a própria face de Deus; é entender, como John Done, que nenhum homem é uma ilha, e internalizar a convicção de Kierkegaard de que somos uma consciência individual, única e insubjugável; é abrir a janela para compreender nossas limitações, deficiências e fragilidades, ao mesmo tempo em que percebemos no íntimo de nosso ser, pontos universais da realidade sobre o que seja o Belo, o Justo e o Verdadeiro. Como disse Eric Voegelim: “O homem, em seu conhecimento de si mesmo, não conhece a si mesmo apenas como um existente imanente ao mundo, mas também como um existente em abertura para a realidade transcendental”.

É evidente que isso é um processo de autoconhecimento, e por certo, uma viagem para as determinações mais sombrias do ser. Não é uma caminhada ao encontro da felicidade — digo, essa felicidade vendida pelo mercado de autoajuda —, não, apenas os que carregam o desespero da alma conseguem encarar os demônios da condição humana. Pra isso, se exige coragem. Não é coisa para iniciantes.

O apóstolo Paulo, ao falar de uma luta contra seres espirituais (Ef 6.12), deixa também manifesto que há uma guerra bem mais agressiva no íntimo de cada homem. A guerra contra si mesmo: “mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente… Miserável homem que sou” (Rm 7.23-24). O que Paulo descreve é um movimento violento da alma, pois exige consciência entre o que é espiritual e carnal. Somos esmagados por essas duas realidades. Não por acaso, Platão diz que: “a vitória sobre si mesmo é de todas as vitórias a primeira e a mais gloriosa”.

Estou seguro de que essa é a trilha da qual os mais valentes atravessam para conhecer a si mesmos. Uma via que a cada dia que passa menos as pessoas decidem trilhar. Existe uma decadência ontológica da humanidade no sentido mais essencial: a degradação do ser para o ter. Guy Debord, em A sociedade do espetáculo, percebe que na fase atual entramos em um “deslizamento generalizado do ter para o parecer”. O “ter” já se tornou tão descartável que o que se extrai dele é apenas seu prestígio imediato, sua incessante exibição da racionalidade técnica.

A humanidade inicia o século 21 assim, fazendo da verdade um espetáculo da negação visível da própria vida. Quem é você? Qualquer resposta autêntica parece ter entrado em extinção.

©2016 Lindiberg de Oliveira​

Meditações nos Evangelhos: João 1.15-18

 
Durante todo os primeiros 14 versos do evangelho de João o apóstolo se preocupou em deixar registrado uma narrativa que apontasse para a pessoa de Jesus, uma teologia sobre as suas duas naturezas e sua missão. E agora, nos versos 15 a 18, ele continua a discorrer sobre o mesmo tema que é dominante e central em todo esse capítulo. Mas agora o evangelista faz uma comparação entre a lei e a graça, entre Moisés e Cristo.

João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. João 1:15-18

Logo no verso 15 vemos João Batista testificando a respeito de quem ele era e de quem Jesus era, ensinando assim que ele mesmo não era ninguém, mas apenas o anunciador do Messias. Mas quando se refere a Jesus, o mesmo João Batista diz que Cristo tem a “primazia” pois é sempiterno. Não me deterei neste ponto, pois o mesmo, você leitor pode conferir em nossas meditações passadas, mais especificamente a segunda meditação:   https://nossojornalsite.wordpress.com/2017/02/20/serie-meditacoes-nos-evangelhos/

Mas quero meditar sobre três verdades que saltam aos olhos quando leio em especial os versos 16 a 18.

A plenitude de Cristo nos confere uma graça abundante – No verso 16 nos é ensinado sobre uma fonte de graça abundante que provém de Jesus Cristo, e isso se deve ao fato de Jesus ser Deus. Isso para nós é motivo de conforto e consolo ao saber que podemos confiar no Mestre para o cuidado, provisão, sustento e preservação de nossas vidas. Quaisquer que sejam nossas necessidades, devemos confiar naquele que nos tem por mais valiosos do que as aves e as flores que ele criou e cuida. A graça que provém de Cristo sempre esteve presente desde o Éden, ou não foi Deus que através de um sacrifício cobriu a nudez e vergonha do primeiro casal? Esteve com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, ou não foi Deus que o chamou Abraão e o guardou durante toda a sua peregrinação, que proveu o cordeiro para assumir o lugar de Isaque, ou ainda, que confirmou a eleição de Jacó e o abençoou no Vau de Jaboque a despeito de qualquer merecimento que ele não tinha? Assim foi com Moisés quando libertou seu povo do Egito, ou não foi Deus que manteve a promessa inviolável de introduzi-los na “terra prometida”, mesmo diante de tanta desobediência, murmuração e incredulidade? Ainda que houvera matado por seu juízo os incrédulos, permitiu que seus descendentes, que também se mostraram sem merecimento, entrassem naquela terra por amor do seu próprio nome. Caro leitor, não foram esses fatos todos realizados unicamente pela graça de Cristo, ainda que ele não tivesse sido revelado ao seus no antigo testamento? Pois a mesma graça abundante foi concedida a nós, que não éramos povo, mas agora somos povo de Deus, que não tínhamos alcançado misericórdia, mas agora alcançamos misericórdia.
Moisés e a lei são inferiores a Cristo e a graça – No verso 17 João faz uma comparação entre Cristo e Moisés, entre lei e graça. Mas antes é necessário dizer que em nenhum momento João, ou melhor, a Bíblia, afirmam que a lei não era de Deus, pelo contrário, as Escrituras afirmam que a lei foi dada por Deus através de Moisés. A lei serviu como um pedagogo na instrução do povo de Deus até chegarem a Cristo. Ela confirmava o caráter santo de Deus e a natureza pecaminosa dos homens, ao passo em que cada um deles era incapaz de cumpri-la. A lei apontava os nossos pecados ao mesmo tempo que apontava para Jesus como aquele em quem toda a lei seria cumprida. Os judeus deveriam aprender que a lei que tanto diziam “cumprir” na verdade testificava contra eles, pois na quebra de um único mandamento se tornavam culpados de todos os outros. A lei com suas ordenanças e cerimônias eram apenas sombras, símbolos não aperfeiçoados de Cristo e sua graça. Mas quando o Salvador chegou a esse mundo trouxe consigo a plena e verdadeira revelação da graça e do cumprimento de toda a lei. Ou não era ele mesmo, o autor de toda a lei com seus “jotas e tils”? Ele era o bode expiatório, o cordeiro pascal, a pia do lavatório, o propiciatório, o candelabro e a arca da aliança. Seu corpo foi o véu do templo rasgado pelos nossos pecados, para que tivéssemos acesso ao Lugar Santíssimo, ele mesmo é o verdadeiro Sumo sacerdote que entrou na presença do Pai com seu próprio sangue para fazer a expiação pelos nossos pecados. Por isso João faz essa admirável comparação entre o imperfeito e o perfeito, entre as sombras e o verdadeiro, entre o transitório e o eterno. Portanto devemos nos alegrar na manifestação de Cristo e sua graça, manifestação feita de forma plena a todos nós desde João até hoje, e que um dia nos levará a conhece-lo como Ele é.

Deus se mostrou a nós em Jesus Cristo – Por fim, no verso 18 aprendemos a linda verdade de que Deus se revelou a nós. Ao lermos a Palavra de Deus vamos encontrar homens que através da fé alcançaram testemunho notável, homens como Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Isaías, Daniel e tantos outros. Eles tiveram um relacionamento profundo com Deus, todavia nunca o viram, nunca contemplaram sua face. Nem mesmo Adão teve esse privilégio, pois a mesma Escritura diz: “Disse o SENHOR a Moisés:…Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá…. tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá” (Êxodo 33:17,20,23); “Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto” (João 6:46; veja 5:37). Nada além da graça de Deus em Cristo Jesus pôde nos fazer contemplar a Deus. Já tratamos disso anteriormente, mas nunca vou me cansar de repetir sobre o privilégio que os discípulos e outros que conviveram com o Mestre tiveram de poder vê-lo face a face, ouvi-lo e toca-lo. Quando Filipe pediu que Jesus mostrasse a eles o Pai, o senhor Jesus respondeu: “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (João 14:9). Jesus Cristo é a perfeita e plena revelação de Deus. Devemos ser eternamente gratos a Deus que decidiu por si mesmo se revelar a pecadores como nós, nossos pecados nos afastaram da glória de Deus (Romanos 3:23), viraram o seu rosto contra nós (Isaías 59:2) e nos fez merecer como pagamento a morte (Romanos 6:23), mas a despeito de todos esses terríveis fatos sobre nós, Deus que é riquíssimo em misericórdia decidiu se revelar em Cristo e nos salvar (Efésios 2:4-7).
Caro leitor, se você já se foi alcançado por essa graça da salvação em Cristo nunca deixe de ser grato, e que essas verdades nunca saiam de diante dos seus olhos. Mas se ainda não tem certeza dessa salvação, se ainda não confessou seus pecados e deles não se arrependeu, saiba que Deus se revelou em Jesus Cristo trazendo-o a esse mundo, e,  pregando-o naquela cruz derramou sobre ele a sua ira matando-o por causa de nossos pecados. Portanto cabe a você se arrepender e crer em Cristo, pois ainda hoje Deus salva pecadores.

E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Efésios 2:6,7

Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Fiel.