Meditações nos Evangelhos: João 1.15-18

 
Durante todo os primeiros 14 versos do evangelho de João o apóstolo se preocupou em deixar registrado uma narrativa que apontasse para a pessoa de Jesus, uma teologia sobre as suas duas naturezas e sua missão. E agora, nos versos 15 a 18, ele continua a discorrer sobre o mesmo tema que é dominante e central em todo esse capítulo. Mas agora o evangelista faz uma comparação entre a lei e a graça, entre Moisés e Cristo.

João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. João 1:15-18

Logo no verso 15 vemos João Batista testificando a respeito de quem ele era e de quem Jesus era, ensinando assim que ele mesmo não era ninguém, mas apenas o anunciador do Messias. Mas quando se refere a Jesus, o mesmo João Batista diz que Cristo tem a “primazia” pois é sempiterno. Não me deterei neste ponto, pois o mesmo, você leitor pode conferir em nossas meditações passadas, mais especificamente a segunda meditação:   https://nossojornalsite.wordpress.com/2017/02/20/serie-meditacoes-nos-evangelhos/

Mas quero meditar sobre três verdades que saltam aos olhos quando leio em especial os versos 16 a 18.

A plenitude de Cristo nos confere uma graça abundante – No verso 16 nos é ensinado sobre uma fonte de graça abundante que provém de Jesus Cristo, e isso se deve ao fato de Jesus ser Deus. Isso para nós é motivo de conforto e consolo ao saber que podemos confiar no Mestre para o cuidado, provisão, sustento e preservação de nossas vidas. Quaisquer que sejam nossas necessidades, devemos confiar naquele que nos tem por mais valiosos do que as aves e as flores que ele criou e cuida. A graça que provém de Cristo sempre esteve presente desde o Éden, ou não foi Deus que através de um sacrifício cobriu a nudez e vergonha do primeiro casal? Esteve com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, ou não foi Deus que o chamou Abraão e o guardou durante toda a sua peregrinação, que proveu o cordeiro para assumir o lugar de Isaque, ou ainda, que confirmou a eleição de Jacó e o abençoou no Vau de Jaboque a despeito de qualquer merecimento que ele não tinha? Assim foi com Moisés quando libertou seu povo do Egito, ou não foi Deus que manteve a promessa inviolável de introduzi-los na “terra prometida”, mesmo diante de tanta desobediência, murmuração e incredulidade? Ainda que houvera matado por seu juízo os incrédulos, permitiu que seus descendentes, que também se mostraram sem merecimento, entrassem naquela terra por amor do seu próprio nome. Caro leitor, não foram esses fatos todos realizados unicamente pela graça de Cristo, ainda que ele não tivesse sido revelado ao seus no antigo testamento? Pois a mesma graça abundante foi concedida a nós, que não éramos povo, mas agora somos povo de Deus, que não tínhamos alcançado misericórdia, mas agora alcançamos misericórdia.
Moisés e a lei são inferiores a Cristo e a graça – No verso 17 João faz uma comparação entre Cristo e Moisés, entre lei e graça. Mas antes é necessário dizer que em nenhum momento João, ou melhor, a Bíblia, afirmam que a lei não era de Deus, pelo contrário, as Escrituras afirmam que a lei foi dada por Deus através de Moisés. A lei serviu como um pedagogo na instrução do povo de Deus até chegarem a Cristo. Ela confirmava o caráter santo de Deus e a natureza pecaminosa dos homens, ao passo em que cada um deles era incapaz de cumpri-la. A lei apontava os nossos pecados ao mesmo tempo que apontava para Jesus como aquele em quem toda a lei seria cumprida. Os judeus deveriam aprender que a lei que tanto diziam “cumprir” na verdade testificava contra eles, pois na quebra de um único mandamento se tornavam culpados de todos os outros. A lei com suas ordenanças e cerimônias eram apenas sombras, símbolos não aperfeiçoados de Cristo e sua graça. Mas quando o Salvador chegou a esse mundo trouxe consigo a plena e verdadeira revelação da graça e do cumprimento de toda a lei. Ou não era ele mesmo, o autor de toda a lei com seus “jotas e tils”? Ele era o bode expiatório, o cordeiro pascal, a pia do lavatório, o propiciatório, o candelabro e a arca da aliança. Seu corpo foi o véu do templo rasgado pelos nossos pecados, para que tivéssemos acesso ao Lugar Santíssimo, ele mesmo é o verdadeiro Sumo sacerdote que entrou na presença do Pai com seu próprio sangue para fazer a expiação pelos nossos pecados. Por isso João faz essa admirável comparação entre o imperfeito e o perfeito, entre as sombras e o verdadeiro, entre o transitório e o eterno. Portanto devemos nos alegrar na manifestação de Cristo e sua graça, manifestação feita de forma plena a todos nós desde João até hoje, e que um dia nos levará a conhece-lo como Ele é.

Deus se mostrou a nós em Jesus Cristo – Por fim, no verso 18 aprendemos a linda verdade de que Deus se revelou a nós. Ao lermos a Palavra de Deus vamos encontrar homens que através da fé alcançaram testemunho notável, homens como Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Isaías, Daniel e tantos outros. Eles tiveram um relacionamento profundo com Deus, todavia nunca o viram, nunca contemplaram sua face. Nem mesmo Adão teve esse privilégio, pois a mesma Escritura diz: “Disse o SENHOR a Moisés:…Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá…. tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá” (Êxodo 33:17,20,23); “Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto” (João 6:46; veja 5:37). Nada além da graça de Deus em Cristo Jesus pôde nos fazer contemplar a Deus. Já tratamos disso anteriormente, mas nunca vou me cansar de repetir sobre o privilégio que os discípulos e outros que conviveram com o Mestre tiveram de poder vê-lo face a face, ouvi-lo e toca-lo. Quando Filipe pediu que Jesus mostrasse a eles o Pai, o senhor Jesus respondeu: “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (João 14:9). Jesus Cristo é a perfeita e plena revelação de Deus. Devemos ser eternamente gratos a Deus que decidiu por si mesmo se revelar a pecadores como nós, nossos pecados nos afastaram da glória de Deus (Romanos 3:23), viraram o seu rosto contra nós (Isaías 59:2) e nos fez merecer como pagamento a morte (Romanos 6:23), mas a despeito de todos esses terríveis fatos sobre nós, Deus que é riquíssimo em misericórdia decidiu se revelar em Cristo e nos salvar (Efésios 2:4-7).
Caro leitor, se você já se foi alcançado por essa graça da salvação em Cristo nunca deixe de ser grato, e que essas verdades nunca saiam de diante dos seus olhos. Mas se ainda não tem certeza dessa salvação, se ainda não confessou seus pecados e deles não se arrependeu, saiba que Deus se revelou em Jesus Cristo trazendo-o a esse mundo, e,  pregando-o naquela cruz derramou sobre ele a sua ira matando-o por causa de nossos pecados. Portanto cabe a você se arrepender e crer em Cristo, pois ainda hoje Deus salva pecadores.

E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Efésios 2:6,7

Que Deus nos abençoe.

Prof. Claudio Braga

Batalhando Pela Verdade

IPB – Jaguaquara/BA.

Fontes: 

Texto bíblico da Almeida Corrigida e Fiel.

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